Ignotus




A mocinha da fazenda, vivia dia e noite, em seu alpendre colorido, cheio de lindas flores e perfumes variados, que a faziam levitar ao paraíso, quando a brisa os espargia. Chegavam de todos os lados, invadindo sua alma com odores impossíveis de serem descritos. Ali, era feliz e inocente, podia sonhar sempre, ficar em paz, esperando, não sabia o que. À noite, via em cada estrela do céu, uma luz a piscar-lhe diferente, como se com ela quisesse falar, mandar-lhe os recados que ansiava e nem sabia quais poderiam ser. Era um sentimento estranho, um presságio, um toque de que algo mais existia e não se revelara ainda. Tinha a sua preferida, uma estrelinha especial, com a qual dialogava em noites quietas e mornas, perguntando de amores. Poderia ter algum ? Não obteve respostas e calou. Um dia, repentinamente , sentiu que o tão sonhado e verdadeiro amor não existia. Desiludiu-se antes mesmo de o vivenciar e jurou então, sob a luz do luar e das miríades, que nunca mais ficaria à espera do que seu coração mandasse. Queria ser livre, nunca sofrer por sentimentos. Continuou em seu alpendre colorido, sol ou chuva, nuvens e estrelas, foi crescendo e passou a divagar poesia e fazer canção, naquele universo rico e colorido, mas solitário, cheio de nuances belas, mas frágeis, como cores de arco íris. No fundo de sua alma, porém, sempre ficou e ainda há uma pequena parte de sua criança, à espera de um presente, que não pede, não compra, nem mais procura. Sabe apenas que existe e é belo.

N. Marilda



Um comentário:

  1. Às vezes o amor é como uma estrelinha que brilha para nós à noite, mas que na verdade, já deixou de existir há muito tempo. Lindo post!

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