O que perdi

Tantas coisas passam pela minha mente,
a imaginação é bem rica, porém há realidades,
no dia a dia, vem lembranças do que fiz e não fiz,
tantas coisas eu fiz e quantas perdi,
perdi tantos beijos, tantos abraços que não dei,
tantos segredos tenho e os muito que guardei,
tanto tempo se passou, gira o mundo, muito ele girou,
e um amor que não revelei,
agora você se foi, nunca se declarou,
nem insistiu,
entendi a verdade,
você nunca, nunca, nunca,
realmente,
me amou



Um arremedo de letra de canção, piegas, assim pede o coração

N. M.

Teu olhar


Amo em seu olhar, essas pupilas tão sérias,
nostálgicas, sedutoras de tudo que fitam,
espalham lampejos de luz e encantos,
que entram em minh'alma e ali ficam

Pupilas pensativas, sempre a espelhar,
paisagens misteriosas, quase impenetráveis,
lembranças singelas, também a vagar,
sim, há nelas, muitas marcas de saudade



N. Marilda



Ignotus




A mocinha da fazenda, vivia dia e noite, em seu alpendre colorido, cheio de lindas flores e perfumes variados, que a faziam levitar ao paraíso, quando a brisa os espargia. Chegavam de todos os lados, invadindo sua alma com odores impossíveis de serem descritos. Ali, era feliz e inocente, podia sonhar sempre, ficar em paz, esperando, não sabia o que. À noite, via em cada estrela do céu, uma luz a piscar-lhe diferente, como se com ela quisesse falar, mandar-lhe os recados que ansiava e nem sabia quais poderiam ser. Era um sentimento estranho, um presságio, um toque de que algo mais existia e não se revelara ainda. Tinha a sua preferida, uma estrelinha especial, com a qual dialogava em noites quietas e mornas, perguntando de amores. Poderia ter algum ? Não obteve respostas e calou. Um dia, repentinamente , sentiu que o tão sonhado e verdadeiro amor não existia. Desiludiu-se antes mesmo de o vivenciar e jurou então, sob a luz do luar e das miríades, que nunca mais ficaria à espera do que seu coração mandasse. Queria ser livre, nunca sofrer por sentimentos. Continuou em seu alpendre colorido, sol ou chuva, nuvens e estrelas, foi crescendo e passou a divagar poesia e fazer canção, naquele universo rico e colorido, mas solitário, cheio de nuances belas, mas frágeis, como cores de arco íris. No fundo de sua alma, porém, sempre ficou e ainda há uma pequena parte de sua criança, à espera de um presente, que não pede, não compra, nem mais procura. Sabe apenas que existe e é belo.

N. Marilda