Canto a tarde

Lá vou eu cantando a tarde, para com ela seguir mansamente meus passos. Sim, eu canto a tarde, faço-lhe serenatas junto ao vento, colho algumas flores, que este, impetuoso, teima em desfolhar e assim oferto-as, jogando-as pelo espaço e a tarde sorri para mim. Fica mais leve, mais doce e perfumada. Parece até que demora mais a ir de encontro ao horizonte, para que o dia descanse e amanhã volte a nos encantar. Namoro sim com a tarde, quando do campo, uma revoada de passarinhos vem comigo duetar e felizes vamos pelas horas, num canto primaveril, enfeitando o momento vespertino, que é vida aos que o observam e que pode ser noite linda, depois da alquimia de um sol já posto. A tarde traz lembranças boas, outras nem tanto, mas suas nuances de esperança pintam meu caminho e enchem de paz meu coração. Sei que em algum lugar, alguém com olhos de tarde morna, também assim a fita e então somos iguais em alma. Isso basta-me para ser feliz. 

09/09/13













Canto, na verdadeira acepção da palavra, meu tipo de voz é Mezzo-Soprano, um tanto rouca e desafinada.

3 comentários:

  1. Amei este texto! Olha, você canta mesmo! Também adoro cantar, embora nunca tenha tomado aulas de canto. abro a boca, solto a voz, e salve-se quem puder... mas adoro cantar.

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    1. Ana, canto só um refrãozinho, gosto muito, mas há tempos parei de ter aulas para aprimoramento. Não se pode fazer tudo, o dia é curto.

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  2. Lindo esse canto vindo do coração! beijos,tudo de bom,chica

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