No silêncio da noite vagam sons do coração. Este vai ritmando, como sempre em harmonia mas negando estremecer de amor. Sente pena de si mesmo, é preso a seus motivos, fica recolhido em sua caixinha mágica protegendo-se de algum mal que possa lhe chegar de surpresa. Ah...esse coração palpita e veste-se de uma enorme aura, para tentar sufocar o que ali se passa. Transborda em sentimentos e receoso se protege, para neles não se afogar. No começo de tudo, antes de ser invadido, vivia livre e não se fazia cobranças. Mesmo as vezes entristecido ou só, seguia seus dias satisfeito, cumprindo apenas sua rotina e descansava em paz. Mas deixou-se pegar pelos bichinhos do amor, da paixão, do bem querer...esses que não pedem licença, chegam de repente, alojam-se num cantinho, a princípio quietinhos, nada exigem, fazem apenas pulsações mais rápidas no coração invadido e já tomado de assalto e pronto, o estrago está feito. Já não é mais dono de si mesmo o tal coração apaixonado e dele saem toques mais fortes, começa a pedir atenção e carinho, a tramar sonhos e ilusões.
Este bichinho denominado amor trabalha bem quietinho e só ficará satisfeito quando souber que em outro coração, há um seu semelhante, alimentado da mesma forma. A partir daí faz miséria, palpita sempre mais forte e só quer saber do outro. Cerca-se de cuidados e também quer cuidar, exige carinhos, conjuga em todos os momentos o motivo de sua vida, a sua missão. Só sabe dizer: eu amo e preciso de você, conjugando o verbo amar em todos os tempos e todo o tempo. O amor é um bichinho valente e sempre o será, é a razão de toda uma existência e sem ele a vida não teria graça ou melhor, nem existiria.
Neusa Marilda Mucci
